Crescimento orgânico nas redes sociais?


21 de Maio, 2025 /  Jonas / Estratégia

Crescimento orgânico nas redes sociais ainda é possível – mas exige estratégia, intenção e uma relação de confiança entre marca e agência. Neste artigo, contamos como a conta de Instagram da Dona Ajuda passou de 7.000 para 30.000 seguidores em apenas um ano, sem gastar um cêntimo em campanhas pagas.

No início o orgânico era fácil

No início, tudo era orgânico. Quando surgiram as redes sociais de forma um bocadinho mais séria, ali por volta de 2005/2006, as pessoas começaram a aderir em massa, globalmente. Rapidamente se tornaram mundos, redes de redes de pessoas e, onde há muitas pessoas, as marcas querem estar (e devem, na maior parte dos casos). Nessa altura, o crescimento orgânico nas redes sociais era relativamente simples, para pessoas e marcas. Bastava alguma consistência, fotografias razoáveis e as hashtags certas. Publicava-se com alguma regularidade e, do outro lado, via-se o impacto a acontecer: seguidores a subir, gostos a multiplicar-se, partilhas espontâneas. A era dourada do orgânico.

No entanto, à era dourada do orgânico, seguiram-se rapidamente os algoritmos. Ou, melhor dizendo, o modelo de negócio. As coisas tornaram-se gradualmente mais difíceis, mais custosas, mais trabalhosas. O alcance começou a encolher, o engage seguiu-lhe os passos, a visibilidade passou a depender cada vez mais de investimento e as redes tornaram-se rapidamente num espaço onde só quem paga, é que aparece. O crescimento orgânico passou a uma miragem, uma coisa de nicho, de persistência, quase excêntrica.

Ter assistido e participado em tudo isto desde o início deu-nos bagagem, know-how, competências e conhecimentos adquiridos através da tentativa e erro, para irmos descobrindo as manhas dos algoritmos, descodificar-lhes os segredos, perceber como os púnhamos a trabalhar para nós. Termos nascido analógicas e ter vivido de dentro o início e depois a consolidação do digital permitiu-nos um processo de aprendizagem e de angariação de ferramentas fundamentais absolutamente irrepetível.

Crescimento orgânico nas redes sociais. Imagem com a frase "social media" rodeada de diversos ícones representando likesm pessoas, pesquisas, mail, gráficos de crescimento, @, $, home, configurações, chat, etc.

Estratégia para a Dona Ajuda – crescimento orgânico

Quando começámos a trabalhar a conta de Instagram da Dona Ajuda, em outubro de 2023, o pedido era claro: crescer. A conta tinha cerca de 7.000 seguidores e o objetivo da marca era, no espaço de um ano, chegar aos 10.000. Havia abertura para campanhas pagas porque, lá está, sabiam ser essa a receita certa para o crescimento da audiência e estavam conformados com a ideia. Tinha de ser.

Achámos diferente. Propusemos adotar outra estratégia. Não gastar um tostão em campanhas pagas. Crescer apenas organicamente. A nossa proposta não foi neutra. Nem meramente técnica. Foi, acima de tudo, uma escolha relacional. Ambas conhecíamos o trabalho da Dona Ajuda. Durante anos contribuímos com doações, sabíamos o que a organização fazia, como trabalhava e o impacto que tinha. Confiávamos no projeto e nas pessoas. E, por isso, tínhamos a convicção de que se houvesse uma história bem contada, uma estratégia consistente e um conteúdo com verdade e qualidade, o crescimento aconteceria naturalmente, de forma orgânica.

E aconteceu. Mas não por acaso.

Hoje, o crescimento orgânico nas redes sociais exige muito mais do que antes. Exige critério, intenção e trabalho de bastidores. Por isso, nada pode ser deixado ao improviso ou ao clássico “acho que é giro”. Desenhámos uma linha estratégica centrada na utilidade, na resposta direta às necessidades da Dona Ajuda, na empatia e na credibilidade da voz. Não inventámos uma personagem, amplificámos uma missão. E fizemos questão de manter tudo alinhado com a identidade da marca – dos textos às stories, das imagens às hashtags.

Resultados comprovados, sucesso alcançado

Em outubro de 2024, um ano depois, a conta da Dona Ajuda ultrapassava os 30.000 seguidores. Triplicámos o objetivo inicial, sem qualquer investimento em publicidade. No entanto, os números, por si só, dizem pouco.

O verdadeiro impacto viu-se in loco.

Sempre que se publicava algo no Instagram (e no Facebook), passou a haver uma resposta concreta do outro lado. Se pedíamos roupa de homem, ela chegava. Se anunciávamos um stock de bijuteria, escoava rapidamente. Passou a haver uma causa-efeito. A presença nas redes deixou de ser apenas uma boa intenção, gerida por quem tinha muito boa vontade, mas pouco tempo, disponibilidade, recursos e know-how técnico: tornou-se numa ferramenta real de mobilização. O digital a servir o físico. Mais do que mera audiência, criámos comunidade, a responder com ação, partilha, interação, não apenas com emojis.

Foi um crescimento real. De pessoas, não de números. Seguidores que chegaram organicamente, sim, mas mais do que isso: ficaram, reagiram e responderam. Afinal, serve de muito pouco ter milhares de seguidores se o algoritmo não lhes mostra os nossos conteúdos. Além disso, de pouco vale aparecer nos feeds se não conseguimos gerar impacto, envolvimento ou qualquer forma de interação significativa. O que se construiu aqui (e continua a construir) não foi apenas volume. Foi uma base sólida, relevante, engajada e mobilizada. Porque preferimos relações que geram movimento, não apenas presença. Seguidores que agem e que contam, e não apenas contributos para uma estatística estéril.

Trabalho de equipa, confiança e liberdade são fundamentais

Estes resultados não teriam sido possíveis sem uma relação de confiança profunda entre agência e cliente. É essencial que a agência conheça bem a marca, mas também que a marca se conheça bem a si própria. E, uma vez definida e aprovada a estratégia, é crucial que exista espaço para a equipa criativa implementar com autonomia. No caso da Dona Ajuda, essa confiança foi total. Houve alinhamento, abertura, respeito pelo processo e liberdade de ação. E quando estas duas equipas trabalham como uma só, os resultados não se medem apenas em números: medem-se em impacto.

Crescimento orgânico em redes sociais, sem gastar dinheiro em campanhas é possível. Mas não é para todos. Exige conteúdo com substância, uma estratégia afinada, uma marca com missão e uma agência de camisola vestida.

E, acima de tudo, exige tempo. Tempo para construir confiança, tempo para testar, tempo para afinar. E um trabalho de equipa muito próximo, de muito respeito, entre agência e marca, alinhadas e sincronizadas.

É fácil? Não. Mas é um desafio que adoramos superar.

À procura de crescimento real nas redes? Falamos?




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