O conflito de gerações existe desde sempre. Este conflito foi, é e será sempre sentido em casa de todos nós.
Enquanto esta ‘generation gap’ existiu dentro de casa, no seio familiar, a coisa ia sendo gerida com mais ou menos castigo, proibição da utilização do smartphone (ou do telefone fixo doutros tempos), ou a permanência no quarto por tempo indefinido ou até os pais respirarem fundo e aproveitarem o silêncio merecido depois de um dia de trabalho.
Sendo eu parte da Geração X, obviamente defendo-a com unhas e dentes. É claramente a melhor geração! Nascemos no analógico, pasme-se, e criámos o digital. É a geração mais criativa, a mais produtiva, a mais temerária e também a mais louca. Conseguimos até justificar tudo o que fizemos mal e até rirmos dos disparates.
A questão é que os Millennials e os Z não acham piada nenhuma aos nossos disparates.
Dizemos que eles não sabem escrever. Que não pensam. Que exigem coisas e coisinhas que, para nós, são absolutamente fúteis ou supérfluas. Que não se sabem orientar sem a ajuda do smartphone. Que não têm visão a longo prazo. Que não querem trabalhar e que não têm ética nem brio. Que são uns enjoados e tudo os maça e aborrece. Que isto e que aquilo.
Sendo tudo isto verdade, também foi, com certeza, verdade o que os Boomers disseram dos X.
Eles sentem algum desprezo por nós. E até podem ter alguma razão. Usámos e abusámos do consumo, do excesso, do plástico, do descartável, do novo, do trabalho, da velocidade e da propriedade. Tudo o que nos distinge pelo que criámos, também nos distinge pelo que destruímos.
Naturalmente, os Z só conseguem ver o que destruímos.
Vamos lá pensar nisto e resolver. O conflito geracional chegou às empresas.
Cabe-nos a nós, que somos mais sábios e experientes, resolver esta questão. Perceber as suas motivações, dar-lhes alento para que possam construir à sua maneira. Que é necessariamente diferente da nossa, como o mundo também é muito diferente.
O fascínio que temos pela propriedade – toda a gente tem de ter pelo menos uma casa e um carro – é-lhes completamente indiferente. Eles gostam do conceito de alugar, partilhar e da comunidade. ‘As casas estão muito caras, eles têm de partilhar’ – dizemos nós com ar de pena. Mas será que lhes passa pela cabeça comprar uma casa? Ou querem ser nómadas, um ano aqui, outro ano acolá? Ou não querem amarras? Ou que não têm os mesmos objetivos de vida que nós tivemos?
Nas empresas é igual. A não ser que se sintam compreendidos e que consigam ter as experiências que ambicionam dentro da empresa. E tem mesmo de ser porque precisamos deles.
Não será um caminho fácil, mas é possível. A Comunicação resolve muitas questões. E evita outras tantas. Só temos de pôr mãos à obra. E isso, cara Geração X, é algo que nós sabemos fazer muito bem. E ninguém nos supera.
Escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico e sem recurso a LLM